25 setembro, 2003

"Gui... que camisa é essa pra fora da calça?!"
"Ahn... chefe, hoje eu faço dez meses aqui. E sempre me vesti assim achando que era adequado, e ninguém nunca falou nada. Não está bom?!"
"Get formal, boy..."

E desde semana passada, a equação "sapatênis + calça social + camisa pra fora da calça= Guilherme style" foi abolida da minha vida, e do meu guarda roupa. E o ponto de interrogação na cara de todo mundo é ridículo... ninguém entendeu nada!
Lógico! Passei à adotar um estilo que não me deixa à vontade, porém um estilo necessário, just to be pleasant. E ficar igual à todo mundo.
Agora me diz... cadê a idéia de hotel design que essa porra prega, se eu tenho que me vestir como um executivo de contas de um hotel qq ?!?!
Quero um uniforme do Herchcovitch também... agora!!
17.09
Coquetel do Sofitel na Expo Gourmet Boa Mesa.
Fomos eu e Mari, ela prestigiando a rede de hotéis dela, e eu de bicão... se bem que encontrei o Manu por lá, chef lindo do Skye!
O engraçado era que ninguém servia a gente... talvez pelo fato de ser um coquetel para a high society da Accor, e só eu e ela com 21 anos. Até que meu radar detecta um garçom bichinha por lá... foi dar um tapinha nas costas e uma piscadinha pro cara que ele vinha de 5 em 5 minutos ver se estava tudo bem.
Só não entendi o Sofitel, um hotel tão pomposo, servir camarão frito num coquetel... não se usa mais coisa pesada em comida, será que ninguém atentou para esse detalhe?!
Depois fomos pro Vermont, encontrar com o Melo e a Clau... tadinha da Mari, morrendo de medo de ser atacada!

18.09
Passei o dia vivendo em função da festa da Ferrari...
Deus, quanta dor de cabeça! Pra piorar, o maitre de banquetes larga o evento sem avisar ninguém.
Desço no espaço lá pelas 4 da tarde, uma zona! Tapume onde não deveria ter tapume, barulho de serra, corrente suspendendo box trans, gente querendo entrar com pizza no hotel pro pessoal da montagem... e um evento da Unilever (um povo chatíssimo) acontecendo nas salas ao lado!
Me estressei absurdo... se o maitre estivesse por aqui, nada disso teria acontecido!
Depois de muito conversar, explicar e gritar, chegamos num senso comum e eles mudaram um monte de coisa.
Mas não havia terminado ainda. Faltava a ordem de serviço do evento... conclusão: hora extra até às 10 da noite.

19.09
A Bianca tinha um cliente às 10 da manhã, mas não podia atendê-lo... acabei quebrando o galho dela e fui lá.
Cheguei no lobby e qual não foi minha surpresa... André Almada, fofinho!! Ele tem um evento beeeem legal aqui no fim do ano.
Ficamos conversando um tempão, e à noite ele ainda deu uma passada pela festa.
Saí do hotel e ainda fui pro Iguatemi encontrar o Melo e Clau.
Estava na Le Lis Blanc, comprando o presenta da Mel, quando toca meu celular... e pisca lá o número do hotel. Só problemas...
Já me estressei! Eu sempre vou além de tudo aqui dentro, mesmo sabendo que a minha parte em eventos é totalmente coorporativa! Passou pra parte prática, eu não tenho mais nada a ver com o evento.
Mas sempre estou presente nas reuniões, acompanho as montagens, venhos nos eventos ou dou uma passada pra ver se está tudo bem... e ainda me ligam cobrando coisa?! Desculpe, mas vá tomar no cu.

Depois de passar nervoso, fui pra casa, took a shower e fui pra festa, morrendo de medo de chegar e dar tudo errado.
Que festa viu?! Ainda bem que deu tudo certo. Tipo que a cenografia deles estava bem fraca... mas o cara não queria gastar $, e milagre nnguém sabe fazer.
Mas como tinha gente bonita naquela festa... aí eu me pergunto: onde esse povo se esconde durante os dias normais?!
Eles não vão ao banco, à padaria, ao cinema?! Não pegam ônibus, não fazem faculdade nem andam na Sumaré?! Caramba...
A festa super regulada, eu ainda arranjei dois convites pro Lucas e pra Alessandra... deram no-show! Perderam...
O André ainda queria que eu fosse com ele pro Ultra... mas a turma estava toda lá no Vermont que eu acabei indo pra lá, as always.

20.09
Deus, dormi o dia inteiro!! Como é bom fazer isso...
À noite eu ainda dei uma passada no Ultra pra ver o André (estou apaixonado por ele, ele é muito fofo!) e fiz uma horinha por lá...
Depois fui pro Vermont (again...) encontrar o Edson, a Clau, o Lucas e o resto do pessoal... preciso mudar de ares!
O VT(sigla que usamos pra chamar o vermont aqui no hotel) até que é legalzinho, mas cansa. Eu só vou pra lá pq o Edson e a Clau gostam... mas já está me irritando!

21.09
Aniversário do meu pai era dia seguinte, então aproveitamos o domingo, reunimos a família e fomos todos pra Dona Deôla tomar café da manhã...
Saímos de lá umas 2 da tarde, dormi a tarde inteira - como é bom isso!!

Tentei falar com a Mari, mas o telefone dela ficou desligado o dia inteiro... mal pressentimento na hora.

22.09
Níver de papai - jantar dos Deuses em casa... nassas horas odeio minha mãe!

O tio da Mari faleceu... acho que foi o melhor mesmo.
Ele já estava sofrendo demais há uns dois meses, e a família sofrendo junto também...
Houveram duas vezes em que o mobile da Mari esteve desligado e eu não conseguia falar com ele: uma quando o pai da Marcélia foi assassinado e ela correu pro IML; e quando deu todo o rolo com o imbecil do ex dela... por isso que dessa vez quando eu ñ consegui falar com ela, já fiquei com medo.

E minha semana tem sido assim, essa correria apaixonante, de deixar qq um louco... mas eu não troco isso por nada!

19 setembro, 2003



“A chave do sucesso é adaptação, observação e antecipação. Se dominar essas três, você faz qualquer coisa no mundo.”
Olivier Anquier, inteligente, charmoso, francês e chef, na TPM # 25...

Entendeu o recado, né Santo Antônio ?!

17 setembro, 2003

Alguém reparou como o dia hoje está lindo?!
Porque, apesar de tudo e de todos, a vida continua...
Eu fecho meus os olhos e vejo mojitos. Milhares. Sobre a minha cabeça...
Ontem teve aniversário do Emmanuel e da Melissa lá no Azucar. Antes eu ainda dei uma passadinha no Tostex encontrar a Manda e o Davi. Ela, que eu não via há um tempinho, e ele que vai embora hoje...
Almoçamos juntos no Skye eu, ele e a Paola, uma amiga dele super simpática, mas ficamos de nos ver à noite para uma despedida decente - como se alguma despedida pudesse ser positiva...

Depois parti pro Azucar... open bar. Precisa dizer mais alguma coisa?! Sim, precisa. Num bar com uma temática cubana, nada melhor do que fumar um bom havano... e lá fui eu.
"Fernando, como eu seguro isso ?!"
"Ah Gui, igual à um cigarro normal..."
"É igual fazer boquete ?!" - depois de alguns mojitos e algumas taças de Moët, a gente faz esse tipo de pergunta...
"Er... ah Gui! Só não traga... tipo, quando vc faz boquete, vc engole ?!" - quem fala o que não quer...
"Não!"
"Então... vai fundo!"
E lá fui eu. Segurei, olhei, coloquei na boca, puxei, fiz cara de quem entendia, e na hora de soltar a fumaça... eu traguei. Foi horrível.
Engasguei absurdo! Tossi, fiquei sem ar, com água escorrendo pelos olhos e uma ância enorme... saí correndo à procura da privada mais próxima antes que eu desse algum vexame na presença de todos - todos - os gerentes desse hotel.
Como Deus é pai e não é padrasto, final das contas deu tudo certo... e eu não vomitei!
Só a cabeça que ainda dói um pouco...

15 setembro, 2003

Rua
Espada nua
Bóia no céu
Imensa e amarela
Tão redonda a lua
Como flutua
Vem navegando o azul do firmamento
E no silêncio lento
Um trovador cheio de estrelas
Escuta agora a canção que eu fiz pra te esquecer Luiza
Eu sou apenas um pobre amador apaixonado
Um aprendiz do teu amor
Acorda amor
Que eu sei que embaixo dessa neve
Mora um coração
Vem cá Luiza
Me dá a tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem me exorciza
Me dá tua boca
E a rosa louca vem me dar um beijo
E um raio de sol nos teus cabelos
Como um brilhante que partindo a luz
Explode em sete cores
Revelando então o sete mil amores
Que eu guardei somente pra te dar, Luiza...
Meu programa de sexta foi pro saco. Rolou um puta stress na minha casa e às 9 da noite eu já estava dormindo.
Além do mesmo tralalá de sempre, eu ainda sou obrigado à ouvir que a família está desconfiando, inclusive já pergutaram à minha mãe. 21 anos, trabalhando e frequentando lugares da moda, bem vestido, bom gosto pra tudo, bom papo, bonitinho (modesto), vaidoso, e solteiro?! Aí tem...
Cago e ando... sou sim e bato no peito, alguém se incomoda?! Fale comigo.
Como se a integridade e o respeito mútuo reinasse na minha família não é?! Até parece... eu, apesar de todos os pesares, sou um dos únicos que se salva.

Depois de tanto pensar, cheguei à conclusão de que o problema sou eu.
Eu sou um cara super legal, mas não sou bom o suficiente pra ele me amar. Nem pra ele, nem pra ninguém pelo visto.
Eu sou um ótimo profissional, tenho uma puta moral nesse hotel... mas não sou bom o suficiente para assumir o cargo, apenas para realizar o trabalho condizente ao cargo.
Eu sou um ótimo filho, mas nunca agrado, sempre falta um pouco.
A cobrança é enorme: não paro em casa, não dou atenção, pareço um hóspede, e por aí vai.

Qual o meu problema?! O que mais eu tenho que fazer?! É difícil agradar aos outros viu... bem difícil.

12 setembro, 2003

Unique Club com K-Klass

Tudo de bom!
Consegui 3 vips de menino e 3 vips de menina. Cako, Mel, Davi, Lucas e Alessandra. Marianna deu no-show.

Música muito boa, gente muito bonita, companhias ótimas, blavod com flash power... tudo o que eu pedi!
Revi a turma de estagiários que havia saído do hotel, encontrei uns da faculdade, conheci o Drix - um carinha muito legal com quem eu teclava há anos luz e que, coincidentemente, faz faculdade com a minha prima, que me reconheceu no meio da multidão -, falei coisas que eu não devia ter falado (Fabi, vc é a cara da Olívia Palito... gente, olha pra ela!); enfim, foi ótimo!

Saí do hotel às 4 da manhã - sem filas, por favor! O fato deu trabalhar aqui tem que servir pra alguma coisa, não?!
Duas horas de sono, e oito horas de trabalho. Ou tentativa de...

Roteiro de hoje:
- Tostex com Manda, Davi e turminha bambambam;
- hotel Lycra com Edson, Claudia & cia;
- Vermont;
- minha cama... e sozinho, de preferência.

11 setembro, 2003

Não é despeito... até pq, pra quem é profissional da área, as diferenças entre Unique e Fasano são bem nítidas - um é totalmente moderninho e maluco enquanto o outro é extremamente clássico.
Agora, que as matérias sobre o Fasano dessa semana tem muita cara de matéria paga... rá, isso tem!

08 setembro, 2003

01.Set
Foi um post grande, pesado, dramático, mas verdadeiro. Me fez bem colocar tudo aquilo pra fora. Não foi um dos melhores dias da minha vida, mas não tenho do que reclamar.

Claudia me mandou por email as fotos do aniversário dela, e havia uma foto em que eu saí bem. Como era recente, resolvi colocar num daqueles sites de date online...

02.Set
Acordei estranho. Meu humor estava nas alturas, e eu me sentindo muito bem comigo mesmo.
Ao abrir a caixa de emails, além de uma msg muito fofa do Reich, haviam mais 29 mensagens com o subject Alguém gostou de você. Soltei um AI MEU DEUS na hora que ninguém entendeu... pelo menos sei que estou bem, já que a foto foi tirada haviam 3 dias.
Depois da triagem feita, sobraram uns 3 que valiam à pena... vamos ver se dá em alguma coisa.
Fui ao shopping com a Mari, e ainda ganhei uma camisa linda de aniversário -1 mês e meio depois – escolhida à dedo pro próximo Unique Club com K-Klass e Mau Mau.

03.Set
De última hora, consegui meu ingresso pro show do Coldplay. Não consegui camarote, mas entrar sem pagar R$ 100,00 já foi de bom tamanho. Fora que o hotel inteiro se batendo por um ingresso, e eu na minha.
Como só tinha um ingresso, liguei pra Mari: Se vira que eu te quero no show comigo!
Nada que o super pai dela não pudesse resolver... Mari conseguiu uma credencial e lá fomos nós.
Estou sem palavras até agora pra definir o que foi aquele show... muito bom! Me segurei pra não chorar em Yellow, mas foi quando eles tocaram Clocks que a coisa ficou feia. Mas eu consegui agüentar até o fim!

04.Set
Como se não bastasse ouvir Look how they shine for you à cada fechada de olhos - eu juro que se alguém me cantar Yellow, eu caso na hora -, o encarte do meu CD ainda foi autografado pela banda.
“Love, Chirs Martin... rá!
À noite eu ainda tinha um date... sim, era o argentino que estava no Hyatt.
Acontece que ele esteve em reunião o dia inteiro e eu estava tão quebrado que ambos dormiriam em cima da mesa. Fica pra outro dia...

05.Set
Final de semana estava aí... e meu pai regulando minhas saídas há um tempão – chiou até deu ter ido ao show do Coldplay!
Pai... final de semana está aí. E eu sou super popular, os convites estão chegando e não sei o que dizer! – nada como bom humor pra desarmar meu pai...
Simples... ou sexta, ou sábado! E no domingo eu te libero pro cinema!

Ok then...
Sexta eu tinha jantar no Spot e baladinha no Vermont. E ainda podia esticar pro Hyatt, pq não?!
Sábado eu tinha um aniversário no Pucci com a turma da faculdade (que eu não queria encontrar) e festa do Massivo com o Thunderppuss (o povo de sempre, a música de sempre). E ainda podia... não, não podia pq o Roberto (o cara do uol...) voltava pra Buenos Aires fim da tarde.

Depois de tanto pensar, optei por sair na sexta.
Jantei no Spot com o Edson e com a Claudia, depois fomos pro Vermont.
Sei que bebi demais... à ponto de dar uma bitoca num moleque muito feio só por piedade, e de mais tarde beijar a Claudia. Sim. Beijei minha chefe. Não foi um beijaço... mas foi um beijo.
No big deal, estávamos tão doidos que ficou por isso mesmo.
Terminamos na Galeria dos Pães, e eu morrendo de dó da Claudia pq 3 horas depois ela estaria de plantão no hotel.

06.Set
Acordei lá pelas 9... com meu telefone avisando que havia mensagem.
Era o Roberto, o vôo dele era às 18hs, e ele sairia do hotel às 15hs. Ainda dava tempo de almoçarmos juntos, e papai pensaria que eu fui trabalhar. Não deu outra...
Só digo uma coisa: o chuveiro do Hyatt é maravilhoso!

Passei rapidinho no hotel, peguei algumas coisas e fui pra casa. Dormi a tarde inteira.
Acordei às 22hs, comi alguma coisa, vi novela e voltei pra cama.

07.Set
Passei o dia inteiro na piscina... fazia um tempo que eu não tirava um tempo pra mim como fiz esse fim de semana, e foi muito bom!
Encontrei com a minha prima, e fomos ao cinema assistir Lisbela e o Prisioneiro. Bonitinho, mas nada de muito espetacular não.
Se bem que eu assistiria ao filme mais umas 3 vezes, só pra ver o Selton Mello... ele está muito gostosinho! Sem contar que a música do Caetano é linda...

Voltei pra casa e ainda havia combinado de ir ao Piola com a Claudia e o Edson.
Obviamente que meu pai ia falar merda, que eu saio d+, que ia gastar, e blábláblá. Nessas horas, eu apelo pra minha super amiga Marianna...
Paiê... a Mari e o pai dela me chamaram pra comer uma pizza com eles, e eu estou indo tá?!
Vc sabe que não pode gastar... fica em casa! Já saiu demais esses dias...
Mas pai.... (pensa em alguma desculpa Guilherme! Rápido!).... o pai da Mari paga a conta!
“Já que é assim, tudo bem... mas me dê os seus cartões então!

E não é que ele estava falando sério?! Além de ter feito o povo me esperar por meia hora no Piola, a Clau ainda teve que me bancar!

08.Set
E hoje, pra começar bem a semana, abro meu Hotmail e lá está uma mensagem com o subject Memories...

Buenos dias Guillerme…

What can I tell you? I still see the deep in your eyes.
Your are unforgettable. truly. And every time you go away, you take a piece of me… like in the song.
Take care, and don't loose your beautiful heart. Let's keep in touch.

A big hug and the best to you,

R.

01 setembro, 2003

Um dia eu conheci um cara.
Ele entrou na minha vida como muita gente entrou depois que eu comecei esse blog. E eu, do fundo do coração, achei que ele passaria despercebido pela minha vida, sem deixar marcas nem nada. Caí do cavalo.
Ele era a pessoa mais incrível que eu já tinha conhecido. Não por ser bonitinho, gostosinho, inteligente e bem humorado. Ele era tudo isso sim, mas tinha mais alguma coisa lá dentro que o tornava apaixonante.
Talvez fosse isso... ele simplesmente era, sem intenção e sem noção alguma disso.

Nunca ninguém exerceu tamanho poder sobre mim.
Ele me desarmava. Todas as minhas máscaras caiam quando eu estava com ele. Eu podia ser eu mesmo sem medo nenhum, como eu nunca fui com ninguém.
Aliás, medo com ele não existia.
Estar com ele era como numa noite de inverno, você estar em casa envolto num edredon, com uma xícara de café ao lado. Era seguro, era confortável, era bom. E eu sabia que enquanto ele estivesse por lá nada me aconteceria.
Ele me motivava.
Cada vez que eu dava de cara com qualquer tipo de problema que me parecia fora de controle, eu lembrava dele e da história dele. E eu me enchia de coragem para levantar e ir atrás daquilo que era importante pra mim.
Ele me fez continuar em frente quando tudo dizia pra eu desistir.
E eu continuava em frente, dia após dia... esperando que um dia os olhos dele se voltassem pra mim.
Era a profissão dele. O piercing. A tatuagem. As músicas. O signo. Os gostos. Os defeitos. As histórias. O jeito de me tratar como um moleque. A cara de mau. O jeito de dançar. A risada. E os olhos pequenininhos em cada risada. Era falar que me encheria de porrada se um dia eu sumisse da vida dele.

E assim eu fui levando.
Ensaiando as falas para cada encontro nosso, e largando-as ao vento cada vez que eu me via em frente à ele. Ensaiando cada frase escrita num email, num post, num chat de icq.
Sempre procurando ser melhor do que eu era, ser mais forte do que eu era, aguentando mais do que eu podia aguentar. Nunca entregando os pontos.
Me odiando cada vez em que ele estava mal e tudo o que eu podia fazer era mandar um email dizendo pra ele segurar as pontas, que mesmo longe havia alguém que se preocupava com ele. Quando no fundo, eu queria era confortá-lo nos meus braços e dizer que tudo aquilo passaria.
Lamentando cada viagem dele, contando os dias para vê-lo novamente. E pensando nele todos - todos - os dias.
E enquanto ele estava por aqui, esperando por uma ligação. Por uma balada de fim de semana. Por um abraço de despedida que durasse um pouquinho mais apenas do que me era permitido.
Assim foi durante um ano.

Até que depois de tanto pensar, eu resolvi abrir o jogo.
Chega de colocar músicas nesse blog e nunca oferecê-las pra ninguém. Chega de fingir que era só um crush, uma coisinha passageira e que eu superei e estou bem. Eu não superei e eu não estou bem.
Parei e pensei muito no melhor à fazer.
Ou esse cara continuava na minha vida do jeito que eu queria que fosse, ou ele saia dela de uma vez por todas, e só voltasse quando eu estivesse pronto. Mesmo sabendo que eu nunca estaria pronto.

Foda que esse cara não era mais um. Esse cara era, acima de tudo um amigo.
Depois da Marianna, era ele. E eu não tinha direito nenhum de fazer isso com ele. De convidá-lo à se retirar da minha vida assim, sem mais.
Eu fui o culpado. Eu deixei isso nascer, e eu que deveria ir atrás pra acabar com isso de vez.

Sábado eu estive com ele. E no meio de uma conversa, eu decidi que aquela era a hora.
Não sei de onde eu tirei tamanha coragem em olhar pra ele e falar tudo isso que acabei de escrever aqui. Sei que tirei.

Acabou.
Toda esperança que eu tinha de que alguma coisa ainda aconteceria, morreu. Lá, naquela mesa, em meio à tantos cigarros, quando eu ouvi da boca dele que não rola.
Nossa amizade não morreu. Um dia, vamos rir juntos de tudo isso, eu sei. Até lá, ele tem o meu aval de não me poupar de nada.
Beije quem quiser na minha frente, fale de fulano, fale de ciclano. Acima de tudo, somos amigos e amigos fazem isso. E só assim eu vou entender, aceitar, e finalmente esquecer.
Pq o dia em que alguém me fizer o bem que ele me fez, eu vou querer compartilhar essa felicidade com as pessoas mais importantes do mundo pra mim, e ele é o primeiro da lista junto com a Mari.

Não sei se eu devia colocar isso aqui. Amanhã é capaz que eu mude de idéia, e no lugar desse post esteja uma foto de uma flor amarela, ou qq merda do tipo.
Mas eu sei que pelo menos hoje, escrever isso daqui está me fazendo bem. Esse blog daqui sou eu, e eu cansei de sentir e não poder escrever, fingir que estava tudo bem.
Pelo menos hoje, eu senti a necessidade de ser eu.

E se você estiver lendo esse post, não se sinta culpado por nada. Nem pense que isso daqui é uma tentativa de fazer você se arrepender do que me falou e voltar atrás, até pq eu sei que você não funciona assim. Entre tantas outras coisas que eu admiro em você, ser um cara de palavra é a maior delas.
E não pense também que se você sumisse do mapa seria mais fácil. Eu suportaria tudo, menos sua rejeição.

Eu só queria continuar o que eu comecei aquela noite e não consegui terminar. Devo isso não só à mim, mas à você principalmente. Eu abri o jogo com você, e tenho que ir até o final; então você tem que saber de tudo.

Tudo o que eu sinto por você - desde o dia em que eu pisei naquele Montecristo e fiquei te observando por uma hora sem coragem de chegar naquela mesa - não é apenas uma paixonite aguda de adolescente.
Eu sempre fui muito precoce em algumas coisas, mas muito devagar pra outras. Eu estou vivendo os meus 14, 15 anos agora, com 21. E o primeiro cara da minha vida foi você.
Hoje você ocupa um lugar aqui dentro que nenhum outro nunca vai ocupar. Você foi o primeiro. É natural que daqui pra frente qq um que eu conheça seja automaticamente comparado à você; e eu posso adiantar que poucos lhe alcançarão.
Admiração. É a mais pura admiração que eu sinto por você. Eu te tenho como um herói pra mim, e eu queria que você soubesse disso. Talvez agora você entenda pq tantas vezes eu falava que vc era foda...
E se voltar alguns meses atrás nesse blog, vc encontrará muitas coisas que antes pareciam sem sentido, mas que agora se encaixam.
Sim, poderia ser tudo muito mais simples, como vc mesmo falou. Poderíamos ser racionais apenas, agir com a razão e ponto final. Seria muito mais fácil e cômodo. Teria a mesma graça?! Não sei...
Maldita hora em que foi nos dado o direito de pensar, de opinar, de sentir... e a capacidade de apenas aceitar os fatos sem entender como eles funcionam; muito menos opinar, decidir e adequá-los com a nossa necessidade e conveniência.
Tudo ainda é muito recente. Daqui a pouco vc vai embora, atrás dos seus sonhos, e eu aqui vou correr atrás dos meus. Passarão dias, meses, anos. E só lá na frente eu saberei se o que eu fiz foi o melhor.

Eu sei que eu estou aliviado. Eu tirei um fardo das minhas costas – e espero não tê-lo jogado pra você.
E mais uma vez você provou ser merecedor de tudo o que eu sinto aqui. Mais uma vez eu senti que posso contar com você, e quero que você saiba que a recíproca é a mesma.
Eu te amo muito, e espero que um dia eu encontre alguém que me faça sentir tamanha felicidade, pelo simples fato de existir, como vc faz.
E desejo, como nunca desejei nada com tanta força, que você encontre alguém que lhe faça o mesmo bem que você me faz. E que quando isso acontecer, um possa passar a mão no telefone e contar ao outro.

Até lá, nem pense em sumir... senão eu viro homem de verdade e te encho de porrada!